Então tá, vc resolveu atentamente figir que não vai me responder. Mostrar que não vai ligar, que não quer e que não me deseja. Que aquele encontro foi mais um, nem queria me vê, nem estava ali esticando o pescoço, procurando no meio da fumaça no meio de tanta gente igual, por mim, por minha blusa preta, por minhas calças e os cachos do meu cabelo. Você nem viu. Diga que nem me chamou – já tinha lhe visto e por isso passei por ali, me apertando, me esguerando sem egredo justamente para ser notado ( ou você não percebeu que eu passava mão nos cabelos).
Nos achamos assim, no meio de tanta gente, tanta fumaça, tanto som, tanto cigarro. Tanto. Tudo em surpelativo. Achamos-nos nas nossas distâncias, que também é surpelativva (já que fazemos questão de aumentá-la toda vez que nos achamos – por que nunca é encontro, sempre é achamos). Mas sigo aqui, fone no ouvido ouvindo o novo disco da calcanhoto – é bom, escute.
Me diz, aqui na minha cara, agora que você não ficou louco para largar aquele copo de cerveja, aquela mão isípida que segurava a sua e me tirar dali, me jogar dentro do carro eme levar para sua casa.
Então tá. Vou fingir que não notei. Vou fingir que não quis que você largasse aquele copo, a mão e corresse comigo daquela boate. Vou fingir, alias nado fazendo muito isso.
Tudo é para ser figido, se o o desejo é para ser negado faço o jogo. Sempre fiz tudo que você quis mesmo. Faltei aula, subia ladeira, aindei na chuva e até tomei sol ( detesto tomar sol). Me arrisquei. Não foi? Ah claro você vai fingir que nem viu tudo isso.
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